Goiás - Lance seu olhar sobre esta terra!
domingo, 13 de março de 2011
Cerrado & Goiás: O Berço das Águas!
Goiás...Lançe seu olhar sobre esta terra!
Goiás & Cerrado: BERÇO DAS ÁGUAS!
Região que abriga as nascentes de grandes bácias:
Amazonas, São Francisco e Platina.
Amiga e inimiga da soja e da cana de acúcar.
Fonte de riqueza e destruição!
Cerrado bioma do Brasil. Hoje, enfim, patrimônio natural do Brasil.
Ainda dá tempo de salvar o Cerrado?
Especialistas alertam para necessidade de se diminuir a pressão no bioma e investir em pesquisas e monitoramento.
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É possível salvar o Cerrado. Mas será preciso interesse político, estudos e mudanças de comportamento. Caso não ocorra desaceleração do desmatamento do bioma, as pesquisas mais recentes indicam que ele deve perder cerca de 160 mil quilômetros quadrados até 2050. Conforme projeções realizadas pelo Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig) da Universidade Federal de Goiás (UFG), o Cerrado ainda mantém cerca de 50% da vegetação de pé. A grande questão é diminuir a agressão e planejar o retorno do bioma ao que era antes – algo praticamente impossível frente às tecnologias que hoje temos em mãos.
Manter a vocação agrícola sem modificações políticas e econômicas será o fim do bioma e um erro de todos brasileiros. Afinal, o Cerrado esconde vegetação exuberante e que pode ser revolucionária para a biotecnologia. A pesquisadora Divina Aparecida Vilhalva, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), por exemplo, demonstrou, em sua pesquisa de doutorado, que a Galianthe grandifolia (herbácea da família do café) tem a capacidade de limpar o solo contaminado pelos metais pesados. Ela afirma que será erro grave destruir a vegetação sem explorar suas riquezas. Afinal, inúmeras plantas podem apresentar potencial terapêutico, nutricional e de interesse cultural. Não devemos também esquecer a exuberância da vegetação, terra e animais do Cerrado, que formam santuários ecológicos suficientes para atrair milhares de turistas.
Essa realidade de destruição desordenada não impede que o Cerrado seja hoje terra sem lei. Ao contrário: agrava a situação. Terra de monoculturas de soja e cana, Goiás e Estados vizinhos perdem diariamente áreas que poderiam gerar biomassa e fixação de carbono importantes para a qualidade de vida do País. A vegetação do centro do Brasil, que poderia revelar ótimos medicamentos, tem se mostrado, na verdade, ótimo pasto para a pecuária.
Laerte Guimarães Ferreira, coordenador do Lapig, informa que é necessário governança, mais pesquisas e monitoramento. “Precisamos discutir que áreas, de fato, são inegociáveis.” Ele se refere aos trechos do Cerrado que não podem mais ser agredidos e servir de zonas para a expansão agrícola. Pelo termo governança, o pesquisador informa que devemos entender a “presença do Estado”. “Precisamos, enfim, fortalecer a teia em defesa do Cerrado.”
Constituição
De acordo com o geógrafo e ambientalista Willian Leal, a primeira ação para impedir a derrocada do Cerrado deve ocorrer dentro das ações dos governantes e parlamentares. “O bioma sofreu e sofre com condições políticas adversas. Uma delas é o empecilho configurado na própria Constituição Federal, que renegou a condição de patrimônio ao Cerrado”, informa.
Ele acredita que faltou aos políticos visão para instituir o Cerrado como vegetação importante, de fato, para o País. “Outro problema está na legislação, que cria inúmeras brechas. A lei não é clara”, diz. John Mivaldo, arquiteto, professor da Universidade Católica de Goiás e autor de pesquisas em gestão ambiental, explica que a questão rural é o grande problema. Solução começa com controle do que se planta no Centro-Oeste. Mais especificamente, Mivaldo cobra o Zoneamento Econômico Ecológico (ZEE). Em Goiás, o ZEE é mero prognóstico, com orçamentos significativos para elaboração, mas que ainda permanece apenas nas intenções. O problema, portanto, é mais uma vez político.
A deputada estadual Vanusa Valadares (PSC) reconhece que o Cerrado é atrativo para a expansão do potencial agrícola, mas sublinha a falta de políticas públicas. “É preciso discutir seriamente desenvolvimento sustentável, caso contrário a perda das potencialidades econômicas será grande, pois existem potencialidades científicas e medicinais ainda que sequer são conhecidas.”
O deputado federal Pedro Wilson (PT), autor da proposta de emenda constitucional que coloca o bioma dentro da Constituição, afirma que “a ausência dentro da Carta Magna também tem a ver com o aumento do desmatamento”. Afirma que é questão de justiça a inserção do Cerrado e da Caatinga no texto jurídico mais importante do País. A proposta de emenda constitucional que trata do Cerrado deve voltar ao plenário nos próximos dez dias.
Novas vocações econômicas
Laerte Guimarães Ferreira, coordenador do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig) da Universidade Federal de Goiás (UFG), afirma que é preciso descobrir outras vocações econômicas para o Cerrado. Isso significa diminuir o avanço do cinturão agrícola e a pressão para que ele seja a qualquer custo um propulsor de novas tecnologias, como é o caso do biodiesel. “Precisamos ser justos com o bioma e questionar qual será o custo disso”, analisa.
O pesquisador do Lapig chama a atenção para o comportamento da sociedade, seja governo ou indivíduo, que deve se conscientizar do problema ambiental. Margarida Amaral Silva, pesquisadora em Cultura e Comportamento da UFG, afirma que a falta de consideração com o meio ambiente é, antes de tudo, uma questão cultural. “O avô dessa pessoa, o pai, a família, enfim, não respeitava. E ele termina por reproduzir o comportamento dos membros da sua sociedade. E isso é cultura.”
Margarida afirma que não basta pedir conscietização ambiental para que exista efetivação dessa prática. “É preciso mobilizar as pessoas e reeditar esses comportamentos. O Ministério Público e pesquisadores podem ir para as igrejas e associações de bairro e discutir o respeito ambiental.”
O que você deveria saber sobre o Cerrado
Pode ter remédio no mato
O laboratório de genética do Instituto de Ciências Biológicas da UnB afirma que o pequi pode ser eficiente redutor da ação dos radicais livres (moléculas que se formam no organismo humano e reagem de forma danosa às células). O óleo tem bastante ômega 9, que pode atuar no controle do colesterol. Ocorre que o pequi é um dos frutos que mais sofrem com a devastação.
Lei para proteger o Cerrado
Apenas o Estado de São Paulo tem lei específica para a proteção do bioma. A Lei de Proteção ao Cerrado, aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, é a primeira legislação específica de um Estado brasileiro para um bioma ameaçado de extinção.
Um observatório do Cerrado
O Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais (IESA/UFG), além de orientar monografias de bacharelado, dissertações de mestrado e teses de doutorado, realiza o sensoriamento remoto e geoprocessamento do Cerrado. Ao lado de entidades como UnB, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e mesmo a americana Nasa, o laboratório realiza pesquisas importantes para o estudo do bioma.
É culpa do governo
A destruição do Cerrado começou com os próprios governos federal e estadual, que incentivaram sua devastação. Até meados da década de 1970, Cerrado era considerado vegetação feia, sem grande interesse científico. Pouquíssimas pesquisas foram realizadas na década. Na época, o governo federal instituiu conjunto de ações para acelerar o desenvolvimento. O Programa de Desenvolvimento da Região Centro-Oeste (Polocentro) foi uma das plataformas que destinavam recursos para a exploração da área.
Fonte: Welliton Carlos
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